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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Barragens e Hidrelétricas do rio São Francisco




Uma das alterações mais visíveis e abruptas no ecossistema do São Francisco diz respeito às hidrelétricas. São sete hidroelétricas que modificaram profundamente e para sempre a vida de dezenas de milhares de famílias atingidas e o ecossistema do Rio. Apenas com a construção da barragem de Sobradinho, que por muito tempo foi o maior lago artificial do mundo em espelho d'água (414 mil km2), ocorreu uma remoção forçada de 72 mil pessoas, há 30 anos atrás . Mais da metade destas pessoas era constituída de camponeses pobres, que dependiam do Rio para viver. Calcula-se em 160 mil pessoas os atingidos por todas essas barragens. Além do imenso impacto social, as barragens tiveram sérios efeitos ambientais negativos, alterando os ciclos de cheia e vazante do Rio e comprometendo a reprodução das espécies ligada a esses ciclos. Porque o fluxo das águas passou a ser determinado pelas usinas hidrelétricas, as represas trouxeram uma diminuição drástica na agricultura de vazante, causando uma notável redução das áreas que todos os anos eram fertilizadas pelas enchentes na estação chuvosa. Estas terras eram usadas para lavouras de ciclo curto (como milho, mandioca e feijão), produtos que abasteciam os centros urbanos do Médio São Francisco. 
      

Tal modificação do fluxo do Rio foi um golpe arrasador na chamada agricultura de vazante. Como a agricultura tradicional foi inviabilizada, sobretudo no Sub-Médio e Baixo São Francisco, e com a falta de atividades econômicas alternativas, houve impactos sociais muito graves. Atualmente, o Rio São Francisco possui apenas dois trechos de águas correntes: 1.100 km entre as barragens de Três Marias e Sobradinho, com tributários de grande porte e lagoas marginais; e 280 km da barragem de Sobradinho até a entrada do reservatório de Itaparica. Daí parabaixo transforma-se em uma cascata de reservatórios da Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco (CHESF). Um grave impacto sócio-ambiental das represas se deu por impedir a inundação das lagoas marginais,berçários maiores da vida aquática do Rio. Além disso, as barragens interromperam o ciclo migratório de várias espécies de peixes, entre elas opiau, a matrinchã, o curimatá, o pacu e o pirá. Hoje, a pesca artesanal, sobretudo no Baixo São Francisco, sofre grandes problemas de sobrevivência. Um indicador do tamanho do impacto é a quase extinção nesta região da espécie pirá, peixe exclusivo do Rio São Francisco e que, por isso, o simbolizava.

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