Esta somatória de degradações no rio São Francisco acaba, em última instância, impactando a parte mais fraca, qual seja, a população pobre da Bacia. Configura-se, assim, uma situação de extrema injustiça ambiental, entendida como a condição de existência coletiva própria a sociedades desiguais onde operam mecanismos sócio-políticos que destinam a maior carga dos danos ambientais do desenvolvimento a grupos sociais de trabalhadores, população de baixa renda, segmentos discriminados pelo racismo ambiental, parcelas marginalizadas e mais vulneráveis de cidadãos. Os dados sócio-econômicos mostram que a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco possui acentuados contrastes, abrangendo áreas de acentuada riqueza e alta densidade demográfica e áreas de pobreza crítica. Ela é caracterizada por densidades demográficas altas em contraste com vazios demográficos, algumas áreas altamente industrializadas e outras de predominância de agricultura de subsistência.
Os indicadores comumente mais usados são a taxa de mortalidade infantil, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Produto Interno Bruto (PIB). Aplicados à Bacia do Rio São Francisco, temos pela primeira, que há variações entre 25,66 (MG) e 64,38 (AL) entre 1.000 nascidos vivos; em sua maior parte, a Bacia apresenta valores superiores à média nacional, que é de 33,55, conforme o Censo do IBGE de 2000. O IDH varia entre 0,633 (AL) e 0,844 (DF). Existem municípios com IDH 0,343 (a média brasileira é de 0,769).
Com isso, fica óbvio que há alguma coisa errada com este modelo econômico. A julgar pelos resultados sociais dos projetos de irrigação. Tais projetos não melhoram a vida dos ribeirinhos. A remuneração continua baixa e cresce a prática do trabalho degradante (em 1998, as pessoas diretamente empregadas no perímetro de irrigação tinham um salário médio equivalente a dois salários mínimos). Também não se pergunta pela qualidade dos empregos gerados pela irrigação. Nos perímetros de Juazeiro e Petrolina formaram-se bairros inteiros miseráveis e insalubres, onde as populações empregadas na irrigação aglomeram-se para sobreviver. Tornaram-se mão-de-obra sazonal e barata na irrigação, ora morando nos bairros periféricos, ora morando do lado de fora das cercas e muros que rodeiam os perímetros irrigados, como estranhos, alguns em terras que já foram suas. São aí altíssimos os índices de criminalidade, prostituição e violência.
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